COMPARTH, Fernanda. Vizinhanças Táticas [mestrado]
A pesquisa intitulada Vizinhanças Táticas se desenvolveu a partir de
entrevistas com membros de associações de moradores em Belo Horizonte
afim de investigar participação popular e engajamento cidadão nos processos
decisórios da cidade. A partir desse contato com diferentes associações um
dos pontos sobressalentes foi o imaginário sócio-espacial desses indivíduos
sobre a cidade, em muitos casos extremante conservador.
Ainda no inicio da pesquisa foi proposto um encontro com os moradores do
bairro Boa Viagem para apresentar outras possibilidades e referencias para
se pensar a vida na cidade e realizar um mapeamento a partir do debate
sobre as demandas, principais problemas e potencialidades da região. Esse
momento foi importante para perceber que discutir o bairro muitas vezes não
é uma pauta no cotidiano dessas pessoas e ideias novas não são bem
aceitas, sob justificativa que “nada dá certo no Brasil” ao se falar de vida
coletiva. Questões como violência e insegurança aparecem como escudos e
desmobilizam possibilidades de imaginário criativo ao pensar no uso do
espaço público.
Henri Léfèbvre (1901-91), filosofo francês, afirma que “a vida urbana
pressupõe encontros, confrontos das diferenças, conhecimentos e
reconhecimentos recíprocos”. Diante de pensamentos como “cercar a praça
para que não tenham moradores de rua“, “usar todo orçamento do bairro com
câmeras de segurança“ e “todo comércio é sinônimo de violência“, trabalhar
uma pedagogia sócio-espacial se revelou urgente e necessário tendo em
vista a luta por uma cidade com diretrizes que levem à diversidade de usos,
espaços públicos de qualidade e democráticos, apropriados pelo coletivo,
com desenhos urbanos que priorizem o pedestre e que tenham uma escala
humana, com vida nas ruas. Uma cidade pensada para seus habitantes e
que incentive as e uma vida mais sustentável.